Figuras e factos que ficaram para a História
.:: A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO ::.
A psicologia do desenvolvimento acompanhou a evolução da ciência e das transformações socioeconómicas, bem como das representações sociais do que é ser criança.
O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
A situação contraditória – tens muito em comum com os outros, tens muito de diferente em relação aos outros – revela a complexidade do desenvolvimento.
No processo de desenvolvimento que se inicia na concepção e termina na morte, estão envolvidos múltiplos factores: biológicos, cognitivos, motores, emocionais, linguísticos, sociais…
Numa perspectiva dinâmica e abrangente, o ser humano terá que ser encarado como um sistema aberto, em que todos os aspectos interagem: o meio natural e a família, os amigos, o grupo de vizinhança, a escola, a comunidade.
Existem contextos que influenciam activamente os percursos da nossa vida: a mudança de terra/casa, doença, morte, divórcio…
Uma questão que se pode levantar é o problema da existência ou não de períodos críticos, isto é, de etapas limitadas de tempo durante as quais o organismo é sensível à estimulação do meio.
CONCEPÇÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO
Maturacionismo (Gesell) à os comportamentos sucedem-se numa ordem sequencial, inalterável, que reflecte uma programação interna idêntica ao crescimento. O desenvolvimento e a maturação são hereditários. As diferenças entre os indivíduos relacionam-se com as diferenças inatas. O meio e as experiências vivenciadas têm pouca importância.
Behaviorismo (Watson) à os factores do meio e da aprendizagem são os que determinam o comportamento.
Construtivismo (Piaget) e Teoria Psicossocial (Erikson) à valorizam os factores maturativos e socioculturais.
Psicanálise (Freud) à embora privilegie o potencial inato e maturativo, considera importante a forma como o sujeito vivencia os aspectos relacionais, sobretudo os desenvolvidos na infância.
A dinâmica entre o organismo e o meio é uma realidade – o indivíduo é uma unidade biopsicossocial.
DESENVOLVIMENTO E A SOCIALIZAÇÃO
Relação Mãe/Bebé à As características desta relação no primeiro ano de vida, vão ter grande importância no desenvolvimento futuro da criança: personalidade, auto-estima, confiança em si próprio. Poderemos dizer que o bebé, antes de nascer, se relaciona com a mãe. Ele influencia e é influenciado pelo mundo envolvente.
Todas as mães falam a “linguagem do bebé”. O bebé nasce com capacidades que lhe permitem ser activo no relacionamento humano. Está provado que o bebé distingue a voz da mãe da das outras pessoas, reconhece o seu odor e que, ao fim do primeiro mês, reage ao seu próprio nome, quando pronunciado por ela.
Sorriso à é a primeira manifestação comportamental activa e intencional, desenvolvida na comunicação mãe/filho. É um comportamento que une o fisiológico e o emocional.
Vinculação à Necessidade de estabelecimento de contacto e de laços emocionais entre o bebé e a mãe e outras pessoas próximas, como um fenómeno biologicamente determinado. É uma necessidade como comer.
Experiências etológicas à a procura de contacto corporal e de proximidade física são mais importantes que a necessidade de alimentação. Esta necessidade de agarrar, estar junto à mãe, vai ser designada como o contacto do conforto.
ADOLESCÊNCIA
Época marcada por profundas alterações/ transformações. É difícil delimitar etariamente o início/ fim da adolescência. Já não é criança, mas ainda não é adulto. Existem imensos preconceitos.
A adolescência é um espaço/ tempo onde os jovens através de momentos de maturação diversificados fazem um trabalho de reintegração do seu passado e das suas ligações infantis, numa nova unidade.
O adolescente quer crescer, mas tem tendência para regredir. O jovem está associado a preconceitos como vandalismo/ droga/ delinquência.
São-lhe exigidas autonomia e responsabilidade. Esta situação reflecte-se com expressões contraditórias e paradoxais. A adolescência não é obrigatoriamente uma fase perturbada, dado que grande parte dos problemas são ultrapassados.
A adolescência começa com transformações problemáticas e termina com a construção de uma autonomia e identidade.
ADOLESCÊNCIA E DESENVOLVIMENTO
Aspectos fisiológicos à numa fase de pré-puberdade, que dura +- 2 anos, ocorrem mudanças corporais que preparam as transformações fisiológicas da puberdade.
Aspectos afectivos à as transformações corporais levam o jovem a voltar-se para si próprio, procurando perceber o que se está a passar, para se entender mais profundamente enquanto pessoa. Alguns adolescentes fecham-se muito sobre si próprios, comunicando pouco com os adultos. O adolescente tem de assumir uma imagem corporal sexualizada, o que não é sempre fácil. A forma como cada um se auto percepciona (auto-conceito) e o modo como gostamos de nós (auto-estima) são muito influenciados pelo meio em que se vive, a maneira como se é representado e aceite por outros.
Aspecto intelectuais à A adolescência é uma fase em que se obtém uma maturidade intelectual. O pensamento formal vai abrir novas perspectivas. O raciocínio hipotético-dedutivo é uma arma poderosa nas opções profissionais e caminhos que se aspiram. O exercício destas novas capacidades cognitivas de abstracção, pode permitir uma distância relativamente aos conflitos emocionais. Volta a reaparecer o egocentrismo intelectual.
Aspectos Sociomorais à O jovem vai interessar-se por problemas éticos e ideológicos, debate-os, faz opções e constrói os valores sociais próprios. São hoje muito referenciados os problemas sobre a aquisição de estatuto de “jovem adulto” e a sua relação com o prolongamento do tempo de escolaridade.
CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
Erikson fala-nos que o sentimento de identidade é o sentimento intrínseco de ser o mesmo ao longo da vida, atravessando mudanças pessoais e ocorrências diversas.
É frequente a existência de crises neuróticas e psicóticas caracterizadas por um isolamento psicossocial profundo e mecanismos defensivos.
A amizade é muito investida ao nível dos afectos (melhores amigos = espelho). Erikson refere a certeza que o grupo pode trazer às incertezas do adolescente.
O processo de identificação está, nesta fase da adolescência, relacionado com um processo de diferenciação à autonomização.
MORATÓRIA PSICOSSOCIAL
Esta moratória é “um compasso de espera nos compromissos dos adultos”. É um período de procura de alternativas e de experimentação dos papéis que lhe vai permitir um trabalho de elaboração interna.
Também se pode considerar como moratória sexual-afectiva à o tempo de namoro, dos flirts, dos pequenos e grandes investimentos amorosos, que permitem vivências e experiências antes de se definirem orientações sexuais e se poder fazer escolhas amorosas para uma ligação perspectivada com estabilidade e durabilidade.
Muitos adolescentes têm uma evolução “truncada” por terem entrado de forma demasiado rápida na vida adulta sem se terem permitido um amadurecimento anterior.